Albano Justino Lopes Gonçalves (Braga, 1863-1929) foi uma figura igual a tantas outras que soube viver a vida; ou melhor, deixou que a vida o deixasse viver…
É na música que começa a distinguir-se. Religiosa, profana, tanto faz! Música é arte e ele era um homem da arte.
Retiremos esta sua paixão e encontramos um homem vulgar. Temperamental, rígido, orgulhoso – como manda a lei militar. É precisamente por um acto de orgulho que o seu nome se começa a destacar.
Primeiro, como presidente da câmara de Lourenço Marques. Chamado para colocar em ordem as depauperadas finanças, não só consegue esse objectivo como dá início a toda uma obra, que ainda hoje é visível, conotando-a como uma das mais europeizadas cidades africanas.
Segundo, como presidente da câmara (1912-1915) da sua terra natal. A convite do seu grande amigo Manuel Monteiro transforma-a. A municipalização dos serviços de gás, electricidade, viação eléctrica, os melhoramentos e as alterações porque passa a cidade – num curto espaço de três anos, tantos quantos exerceu as funções - fizeram dela um estaleiro a céu aberto. Não houve rua, alguma, que não sentisse os efeitos do progresso.
Terceiro, como presidente na Confraria do Bom Jesus do Monte. Por sua iniciativa esta estância passa, também, por melhoramentos e alterações, transformando-a no local paradisíaco que ainda hoje é o orgulho dos bracarenses. Quem não conhece o ditado: “Ver Braga por um canudo?”
Como sonhador, sim! Como sonhador. O que se pode chamar ao projecto de ligar toda a região do Minho por uma rede de tracção eléctrica e ir buscar a energia necessária às quedas do Lindoso? “Desde o início da humanidade que todas as obras partem de um sonho…”
Homem de convicções fortes não deixa de as manifestar na hora da despedida:
«[…] E neste momento em que o ocaso da minha vida está no seu término, como crente, devia pedir perdão a Deus. Mas não!
A expiação dos meus pecados, passados e futuros, foi-me feita no dia em que a minha filha, tão madrugadoramente, me foi arrebatada. Se perdi um dos meus tesouros ganhei um anjo. Se ganhei um anjo encontrei a paz […]».
Como músico, como jornalista, como cidadão interventivo não deixa de dar à sua cidade tudo o que tem. Ao invés, dela, recebeu pouco mais que nada: um simples nome numa simples rua. Muito pouco para “um homem que sabia amar”.
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Título : Lopes Gonçalves
EAN : 9789895125913
Editorial : Chiado Editorial
Fecha de publicación
: 1/11/14
Formato : ePub
Tamaño del archivo : 1 mb
Protección : Aucune
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