"Eis aí, em síntese, a obra do rei e do governo. Obra de estupidez, obra efémera. Imbecis. Conhecem, da Eternidade, o minuto em que jantam, e, do Espaço, as doze cabeças de comarca onde fazem bulha. Raciocinam com os pés, com as mãos, com os olhos, com os ouvidos, com o estômago. No crânio, farelos. Supõem-se grandes e não existem. Mandam, decretam, dão ordens, e não existem. Só espiritualmente se existe, vivendo no infinito, e eles, espiritualmente, moram no vão duma escada.
E julgam, os idiotas, salvar o rei! Por que forma? Já o disse: tornando o país um cemitério de almas. Dinastias agonizantes querem vassalos defuntos. Entre quatro milhões de cadáveres um ventre com duas pernas, dois braços, uma abóbora nos ombros e uma espada na mão, a distância, movendo-se, ilude ainda: parece gente. Rodeiam-no baionetas, cavaleiros o guardam. Contra quem? contra os mortos. Invencível então, não é verdade? Perdido, inteiramente perdido. Se os mortos ressurgem, ele evapora-se. Se tudo é findo, se os Lázaros se não levantam, quando chegarem os corvos, principiarão por ele o seu banquete. Ou devorado pela nação, ou devorado pelo estrangeiro. A nação acorda? É o exílio. Submete-se? É que está morta, e, das nações que morrem, as nações vivas se alimentam."
Título : Pátria
EAN : 9789897000911
Editorial : Edições Vercial
El libro electrónico Pátria está en formato ePub
¿Quieres leer en un eReader de otra marca? Sigue nuestra guía.
Puede que no esté disponible para la venta en tu país, sino sólo para la venta desde una cuenta en Francia.
Si la redirección no se produce automáticamente, haz clic en este enlace.
Conectarme
Mi cuenta